sábado, 2 de abril de 2022

Eu-nosso desmedido

 

''Ruínas de Selinunte'' (1950), Gregorio Prieto

 

Eu-nosso desmedido

 

Vivos corpos que soerguem o tempo

futuro com as vestes do passado

Chave larga

Fechadura minúscula

Fina realidade reduzida a pó

 

-vive o luto

-sente o luto

 

Caminham no entorno arruinado

Densa mortalidade compondo

A paisagem

Edifícios tomados pelo mar transviado

 

 

-suporta o luto

-carrega o luto

 

 

Corações despedaçados nos escombros

Espaço tombado da catástrofe

Sílabas pétreas desafiando os dados imaginários

Linhas e dobras viáveis para recomposição

Procuram-se, organizam-se

 

-atravessa o luto

-enfrenta o luto

-supera o luto



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