domingo, 22 de novembro de 2020

 

                     
''Abstract Red Meshes" (2006), Kazuya Akimoto _ diálogo ecfrástico.


Lembranças


Luto 
entre
a
vida e a morte
Luto 
tanto 
Luto

***

como
meia 
vida 
anda
 à meia-noite
entre
tanto
luto 
sonha

***

ávida
 sangue 
entre 
vista
e é
a morte papapá
luto 
entre 
vida 
há 

***


nu e
gozo
plânula
viva
água
de molho luto entre
tanto
somo
veste 
à esta 
noite

***
 
vem 
hoje
Luto pela 
vi(n)da
só 
no

***

Vi
vida 
e
morte
geolocalizadas
entre
O
luto
luto

***

este 
brinco
cai
sente
esquálido abandono
vida
rara
em 
si

***

plano
pano
Luto
Começar a vida
entre 
tanto 
Luto

***
se
luto
acho
poema
ardo com a vida
entre
raro
ar
ar

***
   um
   entre
  luto
 hoje
 ontem no jornal
 eu e
 Nós
    ester-
  tor
    tan-
  tos

***

Sim
chove
lembro
Anoto 
e teço
Lembro meio sem vida lavo
e com lu-
to na lava
entro sem
morte ra-
ro ar e ar




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 

 
{Cartografia dos instantes}


                  Nas ondas dos mares, verbos
              ~ocos ou vivos na 
                                            criação meta~
                língua____________imagem
                significados de madrepérolas
                com suas impossibilidades
                cismam e são miragens
         ranhuras de objetos (ainda que castigados pelos berros de fla)
              silenCIOsos que 
[com o] [menino] [do] [rio]
          con-figuram o corte desta 
v/o/z

(verbos) Envolvem a obraeterna (transitante de céus em muitos toques)
        com a pré-fixação 
              da fala intangível
                 cristalizada 
          para todos
                          :em cada ser irá
     crescer a tinta : no original sin

        Antimomento do 
                                   interessante (verde) contorno
           passagem__________da não palavra
                 pescando teu canto
                  desmontando a noite
   qual desvio padrão de chances
      que se revê
           ao vibrar pelo 
            caminho
           abjeto 
 remodelado
           e 
              invado.
           e 
              carrego.



terça-feira, 27 de outubro de 2020

 


"Fairfield pink" (1951), Mary Abbott. Recriação ecfrástica



Rosa do Campo



Para dizer descoberta
saia da sala
rosamarela>
Secante reta se tisna
perdida + convide
a chegada 
do tupi <

Para dizer eureca
tome em sua mão
a geografia
do átimo
da
última
rosa
do
campo
que 
.







sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 

"Perfect Butterfly " (2012), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico



Borbolitelúrico


Traz um gérmen sinuoso como
          quisesse o 
agir multicolorido e vir 
  ao mundo

insecta nin
fa lí dea 
em gestos

lado a lado 
poderão 
se ler

assim, cresce a cidade
toca o tênue evento[
palavra caniça guia 
os bois

erode o verbo do
filho do filho do humano instante[

Borbolética fibra cria rotas
e a trama incerta: tinge seu 
desencanto[

ainda mancas pelos declives
perfeita asa sonora deita:
um chão increpado

avança em belas vestes
ainda assim,
se for rapsódia:
se lança com esta tinta

.
.
.

[cativa viva cultiva]




segunda-feira, 12 de outubro de 2020



"Untitled” (1950 – 1951), Mary Abbott. Recriação ecfrástica


Lição de poesia em tons


Neste dia, confio, em pé
toque acetinado
carne carregará a tinta

Agora, é uma faca inteira
ritmando o relógio

diga ao dia:
-Crianças entre plantas,
ao sol

Afinal, ajeitar seu coração
e cravar no lugar
sem durex

Ele, pingente móvel,
um exercício
comum como um
boi pastando na secura

Sabe-se lá como vive
o dia de morrer

Na colheita esperada, 
verde caule pode surgir:
aqueles estrumes guardando as peças
da arqueologia

Na música antiga
eu era o herói: 
joãos e marias
todos éramos tudo de 
novo
mais de uma vez

fazer de conta
no balbucio
na batalha do fio 
em suas mãos
que éramos cem 
que éramos sempre
mais do que vivos e
ultrapassamos as vistas do bedel

de fato, infantes que 
decidiram olhar mais longe
as pedras são brilhantes palavras
máscaras são de arte
cai da mão, 
tocará o chão: 
                       confio

Pronunciá-las era tocar
De quê pode servir esta história?
linha nova 
lua nova 
qualquer mundo 
vai esvaecer
realize

É possível que venham do colar 
restaurado
palavras espessas que caem no chão
____tornam o gancho firme
Fazem-nos ser este pingente e 
órgão muscular 
involuntário
azul de hoje:



            

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 

                                                                                                                                         "Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. 2 versões de "Haicais contínuos".


Peregrino no pandeMundo


Carne viva em transe
esvoaça pela rua:

arde a madrugada
Ás de toda cor
pulsa em cada dor
toca em vários tons 
canta com a noite
som do germe oculto
o sonho é miragem
cresce com a noite
som da madrugada 
e cai o germe oculto
cresce a madrugada

***

Um homem sem nome
peregrina  pela rua:

um corpo com fome
um corpo com sono
um corpo com sonhos




                                                                                                                           "Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. Versão de 12 haicais.


Peregrino no pandeMundo

A morte é viagem

Carne viva abre a janela:

bebe toda cor

 

***

 

O tempo é viagem

Carne viva abre a janela:

Ás de toda cor

 

***

 

O vento é viagem

Carne viva abre a janela:

pulsa em cada dor

 

***

 

O sonho é imagem

Carne viva abre a janela:

arde a madrugada

 

***

 

Um mês é viagem

Carne viva ergue a janela:

toca em vários tons

 

***

 

Cada dia é miragem

Carne viva abre a janela:

canta com a noite

 

***

 

Música da noite

A carne lança a palavra:

som do germe oculto

 

***

 

Arfante e obscuro

peregrina pela rua:

arde o germe oculto

 

***

Música da noite

peregrino pela rua:

carne viva em transe

 

***

 

Arfante e obscuro

Carne viva abre a janela:

música da noite

 

***

 Um corpo com fome

peregrina e olha a lua:

um homem sem nome

 

***

 

Um homem sem nome

Amarela cas(c)a podre

um homem com fome

 

 

 

 

 





                                                   

"Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. Versão 2.



Peregrino no PandeMundo

Tu não lês o trabalho deste sangue
corpo catando sonhos reciclados

Tem que abrir a janela para ver

Ar noticiando o fim do começo, 
pois só há possibilidade de 
início no fim dos
            meios-limites

Uma coisa infinita a cada dia 
Aqui morre também

O das ossadas, O da carne viva
                    se faz
Cotidianamente em seu jardim
                , cintilante e cariado,

Nosso pranto inoculado do Agora
Corpos jovens ou não
Garranchos e papagaios de toda 
    c                  o                     r







"Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico.



Peregrino no PandeMundo


Tu não vês o trabalho deste sangue
corpo catando sonhos reciclados

Porém,irmã do momento:
a morte é todo o amarelo
que nos faz Crescer no
refúgio do possível.

Tem que abrir a janela

Tu, lendo, rondas o grito
Helianto em ardente invenção:
o mais pulsante raio de sol,
chegante do solilóquio,

no qual desconfio, vem de errar
a precisão dos pontos.

Vem por almejar ~ ondas de palavras, e, 
vírgulas, ornamentos do permanente silêncio

Ar noticiando o fim do começo, pois só
há possibilidade de início no fim dos
            meios-limites

Uma coisa infinita a cada dia 
Aqui morre também

Um trecho vasto e abandonado de
múltiplos ventos vermelhos:
melado de cana apaixonado
sujeito-semente da correnteza
transbordando em ganições.

Martelando por Godot
extraindo formas do inesperado
Moldura humana captada nos
batuques, das esquinas, cadenciados

Realidade (ser)vil, sujeito (desgarrado)
da dor, indócil na perda e
verbo_dos r_astros

À própria sorte, em chuva ou sol,
À espreita, na secura das sarjetas

O das ossadas, O da carne viva
                    se faz
Cotidianamente em seu jardim
                , cintilante e cariado,

Não disfarcemos o olhar

Só seu, só faltou um solo seu para
narrar seu perecível germe oculto

Sua cas(c)a podre de vida:
seu noturno mito fervendo,
arfante e obscuro

Seu único som
Sem filtro

Me planto em sua
urbana sombra

Nosso pranto inoculado do Agora

Corpos jovens ou não

Garranchos e papagaios de toda 
    c                  o                     r




quinta-feira, 24 de setembro de 2020


Delícia Láctea


Flor de Lótus



Vazante nos atravessa ______________
                   O liquefeito ato dos meses

Qual maré em rompante:
(Mu)dar tudo ~por saber que~
                  há

Escafandro, me canto com
    cloro em gel e jaz no chão
                   o beijo:

o único sinal concebido do olhar- 
      boia-delirante pelos panos úmidos
         //dos tempos sujos//

De outra sorte, um dia, 
    estes serão pr'aquecer

Repousa, a noite, no fato pasteurizado
              ele ela elo rente ao chão

Entre a falta e a marítima saga
      quaseSempreperdida
           :flor de Lótus:
           corona del mar
          origem & fim*

*aproximações do fogo
                          feitas pra crescer
 borbulhar a fim de unir afins e
               opostos na contrapartida

Tocar/ teima/ tanger o
          som do dia inteiro

(Se há) Toda atmosfera dedilhada e
     a fera não lúgubre
                     na brecha

    Viver a Fina aliança de 
sermos sós e unos
     mesmo no precipício*
                                       *

         


    
    


 Caixinha de fósforo


                              “Caixa de fósforo - díptico” (1998/1999), RUBENS GERCHMAN.


Cai da árvore   
           presente clarão de palavras 
                         raro instante raspado:

Receba meu recado 
                               no
entreaberto quadrado,
                                   fibra e flâmula do
                     amarelo,

Grito fluorescente
                             Ao ver verde
gente grande se tocar por
        entre folhas,,,,
(ruas sangrando e países cheios de becos)

Meus olhos são pequenos demais,
         mas a vida lateja para ver
               lateja subterrânea para haver

               E os pássaros ao longe
e, em nossos passos, 
                                       desvios é

                                            Receba meu recado
 e retenha ______________ o meu 
        fogo ______________ em teu
                             olhar.




sábado, 19 de setembro de 2020

 

Roda Viva 16-20

 

 

Flor de sangue que

      se materializa

          e circunda a

memória do abis-

     mo

         ...Tu

 

Passos registrados em

    cada momento do

    dia luzente ou encarquilha-

do

       ...Tu

 

                 Faltou luz

E veio o sol

E veio a chu-

                               va

      ...Tu

 

Nesta ramificação da

história, vês que:

 

A verdade roda ao avesso

Ao avesso, a verdade roda

Roda, a verdade ao avesso

 

Neste embalo conceitual da Fonte

 

 A verdade, ao avesso, roda

Roda, ao avesso, a verdade

Ao avesso, roda a verdade

 

O senhor mire e veja:

o Sertão não é obra do homem

: é um raro achado apenas

que nele venha nascer




 

 

Xamã secreto

 

 

Por abandonar-se~

 

                            requebrou a onda do mar

 

~ rebento imo singra




 

 Desejo 16.5


 

Sou barco abandonado mais

                                     de 100 vezes

E sangro quase

                                     sonoramente

tal como o interfone

                                    tocava no Fim

 

A luz que invade

                                a popa e o convés

: arremata o sono:

                                 prospera 101 árvores

 

 

 

 

 

 

dá cabo de uma vida e

acorda______________milhares.

 



 

 

Somos assim

 


Pétalas

amarelas como o sorriso

vindo por um dia amado

 

Amado um dia e mais outro dia

 

Chamados pela recordação

Ou presença viva

do sol

 

Somos o tempo que passou

 

Nosso abraço

Nosso olhar

Raiando

ou os olhos

fechando

 

Passageiros no quintal

somos o tempo

Todo o tempo

 

Pétalas insurgentes

do coração:

Abrigo da memória

e do encontro.

 

 

Prego o olho no abismo ou Relicário submerso

 

 

Se fosse realmente um prego...

Na rua — os carros — tudo — pararia

 

Quem falará do homem que

revira o lixo

[seja nas últimas horas

da noite ou no

começo da manhã]

 

dos homens e mulheres que

tocam o indivisível /tomo/

de palavras das sorumbáticas

             embalagens

deixadas por outros na

atmosfera viral do

notável DesenCanto?

 


 

Ser

 

O quê dizer do tempo?

Senhor e senhora das horas

Abrigo do sorriso e da

lágrima

 

Viver a redescobrir a força

a reencontrar a força

a reafirmar a força

 

Não sei quantas cores

Compõem a história que tenho

mas sei da melodia

que almeja o vermelho

bombeando O coração

E sei que, com ela, meu caminho

não perde

a Luz

 

Luz central da Vida

Onde me perdi e me achei e

continuarei encontrando

A beleza dos dias

 

Elo do dia com a

noite

O espaço dos anos

que nos confundem

e fundem

Sentimento

Lembranças

e Resignação

em nos color- Ir.

 

 

Raiar do Tempio

 

 

 

É... o tempo passa

Indissolúvel

Textura tácita de ramos

entortando grades /\ metas humanas:

Vincos, flamas, aromas Verdes

 

No céu, outrora, sol

dia límpido

Vergalhão amadeirado crescente

atravessando nossas nuvens

incertas

 

E sem sequer um arrepio

estar vivo era esquecer sempre do plano

desta passagem

 




 


 


 

 

 

Vento 

 

 

Que o próprio  ~  na

~  força  ~  que

                    vindo-vem-

                                          vindo

—vem—

-me-re-(in)vent(r)                            e

 

_    e           _      e         _

 

 

Enxertos

  

 

Ganhar nervos e arestas

qual bala encrespada

que te invade

 

Tua vida é nossa

vai desenhada a giz

 

Insolente, cada dia

Tempo que não apaga

a memória do tempo

 

Your Year, ear, era, ar

How has it been?

 

Olvido, não, pois

sempre ouvido o o o

Tempo do ido

na ida do tema

para ser trânsito de

tempos em temas

transfigurados

 

:ocaso e lume:

des_co_nhe_ci_dos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Será? ou Puta merda!

 

 

—Ideias para o começo do ano:

 

*vida simples, ver em si

*hoje, o dia mais valioso

*A razão existindo onde a emoção alcançar

*Sentir para ver ao redor

*O próprio espaço existe quando

  não ignoramos o próprio vazio      

 

—O lodo /pai de tantos filhos/

      (Restos sobre restos)

*quando você o retirava

*limpar era importante?

 

—Num mundo de lodos que só crescem

     E se fazem crescer

 

                 ...

*Será, o seu ato,

             Cuidador do tempo?

 

             

 

 

 

 

 

S(O)L(O)


 

Começo do descomeço, assim,

me teço com o o o o oterço do acontecimento

que se liquefaz para se fazer, após todo (o) fluxo,

 

—carne—

 

Carne que se revira de modo que o sol atinja

cada célula: em viv’Alma/planta/em/flor/ se soma

com o dia:

 

—vai, desatino, que destino! —ser som— !

— ! — ! —!

 

 

 

 

 

 

 

 

2020 Pirilampos

  

I

 

2020 pirilampos querem

   vir e vir e vir

      querem

sair e sair e sair

    do trem abandonado

 

Este isto que continua

       vagando pelo território d’um

                   tempo desconhecido

até  ~   alçar  ~  no  ~ Agora

 

Vindo do remoto passado ou do

         //possível futuro//

 

Acenda sua casa com

atenção lustrEstelar

 

Por entre a dor e <

                                < o sonho

o enjoo                  >

                                e o voo>

pois sabe das perdas

e de quem trabalha

 

/e é tão próximo

\e Tudo tão longe

 

por isso acorda-recorda

         dorme

depois submete o

           corpo

          ao que_   e_x_i_s_t_e