terça-feira, 25 de fevereiro de 2020





Vissi um desaviso _ Recriação ecfrástica de "Nacer de Nuevo", Remedios Varo (1960)


Dia travado pela luta lúdica
Rasgar perfis de sangue
no deserto da sala

Parem com as definições
destas que os seres
não podem cumprir

Luz neste engasgo-horizonte
_não há Terra nem água
onde estaria o tempo, a vida, o vitral?

Despetaladas
as frentes
Já não se determina /umdia/
ao passo que o dia quer se viver

Fui eu mesma, cebola, Realengo é para lá
entre 1800 coisas borbulhando com Hilst
e não se anular na trama

Neste embargo de oposições
variaremos os nomes
conhecidos de outrora

Amigos, nascer pode ser
Estar se circundando
no sabor 
de nossos
nÓs









Quando as fronteiras nos violentam ou Geomorfia _ Inspiração ecfrástica de "Descubrimiento de un Geólogo Mutante'', Remedios Varo (1961)


Me perdi de vista nos teus cabelos curtos

As letras /gatelo/
se confundem
E as escolhas se contraindicam /gatilho/
Espólios do distópico desengate

Meu tempo não te condena

E na fronteira, desencontros-
entre as Guianas e o Suriname
entre Uberlândia e Uberaba-
Reside o mesmo fato

Perplexo o traço /escalas/
que nossos olhos admitem
Notação cientifica do abandono
construído aos borbotões

Cada etapa porta uma enxada
E para cada enxada, um despenhadeiro
de nãos se traindo

Se está computado nos dados oficiais
Ou nos astros...
Só sei que_ mãos pensas, pois
Caminho sem ver
Escuro está

Entradas grátis
sem areia ou mar

E se de novo os pelos macios
construindo um MundUm

Amor, é preciso se desabit(u)ar
para reagir.




domingo, 16 de fevereiro de 2020





Recriação ecfrástica de ''El Encuentro'', Remedios Varo (1962)


Dominó reverso dos indomáveis

É
a

vida deste meu lugar:

O tRem que chega também bate
                 Tambor
com nossos sussUrros

Olha o brilho que tem
       A fresta
deste apanhado paradigma

Existirá para todo o
         Mal
a Cura

Damos boas-vindas para
            Ambos
os lados da mesma viagem

Poderiam as equináceas Mandar
         Notícias irresistíveis
do nosso coração

À altura do Azul
      Ser
Vermelho e o dia
      Ver
a noite de amanhã

A previsão como uma série de indisciplinas
        Sendo contadas
Atmosfera postiça num constante
        Abrigar
dos enjeitados

Queria saber de um mundo
     Ao menos
sem coca-cola

Consagração do não
     Faço ideia
Com certeza

Nossaáguadetodos
     Valendo
Primorosos usos outros

Nossos discursos não carecendo
        de chaves
Para chegar

 Mas, nenhum papel de parede
            Pode ser
Mais amarelo do que aquele livro
_._._._._._._._._._avalanche
Gasto pelo olhar e causas nobres diárias
         do compasso

Luta para sempre a capa
       Não
Ser a reescritura do Não

Seria melhor, ainda, o esquadrinhar
       da paisagem
Pra mode a gente valer
           O tanto
Quanto os capins baloiçantes Ao sabor
           do vento e
Tempo

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020


Inspiração ecfrástica em ''Música Solar'', Remedios Varo (1955).

Em nome de Machado de Assis ou desenho das não falências

Uma história suave vinda d'Oeste
ao ponto de sustentarmos os cabelos

O sonho de duas mulheres por anos a fio

num beco desabitado, a se olharem, vítreas

No encontro, gravetos vertidos em Luz

e o singular verme a contar o presente

Séria orquestração do abandono:

inúmeros cadernos com rasuras e musgos

Apenas desejo e: perder-se de vista

na realidade imaterial dos morros íngremes

Arremedo de vozes_pueril descontrol_e

na art_éria sépia do temp_o mancha ro_xa

Brincando de xilofone com a origem do som

may_be a ironia da mortepirilampo/pirajica

Nas largasestaçõesdoano, desabrigados em

nossos sussurros_ susto: metade de si só

/Fímbria/ para juntos participarmos do

ordinário

Extraindo a vida do estratosférico pingo

Quea_qui caiaqui_o poder está neste Lugar

domingo, 9 de fevereiro de 2020


Recriação ecfrástica de '' Blue Nude'',  Pablo Picasso (1902)


Sob o tapete não viveríamos

É certo que as Sete copas
Fazem cair mil castanhas quando menos se espera
O dia não era hoje sem sangue
Como reencarnar a pa-lavra mágica?
De costas, sedenta No azul
É minha irmã
Juntas somos e ver o vermelho...
No azul
É querer ver-de - de- novo 
Nos mantemos com tal parto

Dar as mãos
Vontade deve ser contornar os círculos 
D'água,
Mas me mostra onde foram parar?

Recuperando o tem-po de poeiras
Gagos, caminhos seguidos de outros 
Pai nascerá mais uma vez - com os olhos
Estrela paternal- armário- avó- voar
Primeira vez sempre:
Sairá no bloco onde
Sorrir é  a voz e
Ser Um

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020



Diálogo Ecfrástico entre os Quadros de  Alfredo Volpi
 (1896-1988)

Tim-tim

E quando nós partimos
Todos vitrais eram
Tempo-
Hall
Esterelandando o vácuo entre enxergar e não ver-
A suave neblina dos corpos que se 
Contraem

A água domina as ruas
Enquanto a Aranha tece
- seu fio-
Invocando o macho ao qual comeu
Manhã de cópula -
Em sua areia
A ampulheta de Volpi-
Nada mais que uma bandeira 
Colorida ao som
Do 
Rio________
De lama
E sorriso dos alquimistas

Neste momento estamos parados
Nadamos demais para perceber.