segunda-feira, 12 de outubro de 2020



"Untitled” (1950 – 1951), Mary Abbott. Recriação ecfrástica


Lição de poesia em tons


Neste dia, confio, em pé
toque acetinado
carne carregará a tinta

Agora, é uma faca inteira
ritmando o relógio

diga ao dia:
-Crianças entre plantas,
ao sol

Afinal, ajeitar seu coração
e cravar no lugar
sem durex

Ele, pingente móvel,
um exercício
comum como um
boi pastando na secura

Sabe-se lá como vive
o dia de morrer

Na colheita esperada, 
verde caule pode surgir:
aqueles estrumes guardando as peças
da arqueologia

Na música antiga
eu era o herói: 
joãos e marias
todos éramos tudo de 
novo
mais de uma vez

fazer de conta
no balbucio
na batalha do fio 
em suas mãos
que éramos cem 
que éramos sempre
mais do que vivos e
ultrapassamos as vistas do bedel

de fato, infantes que 
decidiram olhar mais longe
as pedras são brilhantes palavras
máscaras são de arte
cai da mão, 
tocará o chão: 
                       confio

Pronunciá-las era tocar
De quê pode servir esta história?
linha nova 
lua nova 
qualquer mundo 
vai esvaecer
realize

É possível que venham do colar 
restaurado
palavras espessas que caem no chão
____tornam o gancho firme
Fazem-nos ser este pingente e 
órgão muscular 
involuntário
azul de hoje:



            

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