Euphonia pectoralis
Lua verde para nós
[uma transcri(a)ção poética, ao som de Chopin – "Nocturne Op. 9 Nº 2"]
Parte 1
Loba
Ela, elo perdido que talvez “Deus ouvirá”
em seu “desejo de amar”
descobrir-se
Que acabou enlaçada pelo
Mar
Marejou flores
No olhar
Um tanto pelo que desejava:
O próprio desejo de amar
Andorinha
A noite amá-la
A noite amá-la
À noite, há mar
Denso e resplandecente
Constatação por si
Em silêncio
Amar o véu do mar
O despudor do repenique
O som augusto do resquício
O som augusto do resquício
É preciso tanta noite para cantar?
Raposa
Não seria simples a fruição de um novo começo
Jogada na soleira dos dias
Em prol de um caminho desconhecido
Em prol de um caminho desconhecido
Sem dias livres
Trancada no alambique das horas
Na labuta de sua vida
O corpo, um artefato sonoro
que deveria limpar os móveis
Para depois poder sonhar:
Ismália enlouquecida
Passeio sonoro notívago
Coruja
Não era minha nem sua vida
Mas era uma pessoa como outra qualquer
Designada para ser luz
Designada para ser luz
Avistando uma hora única
Hiena
Só que, um dia, pensou em recomeçar e inventou
Hiena
Só que, um dia, pensou em recomeçar e inventou
Aquilo que não poderia ter
Asas amplas no caleidoscópio do breu
Era preciso voar mais longe
Abelha
Porém ela, qual Ícaro em fetiche
Abelha
Porém ela, qual Ícaro em fetiche
Enviesado
Escolheu somar
as ondas à neblina dos seus olhos
a chuva sinalizou desajeitadamente a existência do seu corpo
e ela, janela sonora como outra qualquer
carne eclodida
nasceu no ar
sobressaltando a noite
pulando em prol da nova manhã
Se deu um nome:
E voou.
Parte 2
Ismália
Parte 2
Ismália
[10:30]
A liberdade,
Verde fluorescente
Ciclina multifuncional
Repleta de peptídeos
Saudáveis
Transição de acidez à doçura
Powerful activity
Verde com
Luzes gitanas
Superando
Arranha-céus
[10:40]
As escadarias percorridas
Nas varandas celestes
Te Quiero verde
Tu verde cuerpo sobre
La mar
amar
el desconocido
Y amar el desconocido hasta el anochecer
con tu carne satinada
en neblina
Pulsando
En las caballerías
Salvajes de la mar
[17:59]
A película das manhãs
Aglutinada às noites
Organograma de sensações
Desconfiguradas
E hiperbólicas
Antenadas
Às feições dos dias
Aos lumes de prata
[20:30]
São pássaros elaborados
São pássaros elaborados
Na madeira de mogno
Não são
Não são
Jamais são cruzes carregadas
Aves sãs que se descolam
Porque
Se somam ao ar
Aves sãs que se descolam
Porque
Se somam ao ar
[00:00]
Novas asas
Asas reais
Te Quiero
Quiero verte
Verdes pastagens
Densas ramagens
Belas
Paragens
(em cada minuto)
Em que está você.
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