segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 

                                                                                                                                         "Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. 2 versões de "Haicais contínuos".


Peregrino no pandeMundo


Carne viva em transe
esvoaça pela rua:

arde a madrugada
Ás de toda cor
pulsa em cada dor
toca em vários tons 
canta com a noite
som do germe oculto
o sonho é miragem
cresce com a noite
som da madrugada 
e cai o germe oculto
cresce a madrugada

***

Um homem sem nome
peregrina  pela rua:

um corpo com fome
um corpo com sono
um corpo com sonhos




                                                                                                                           "Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. Versão de 12 haicais.


Peregrino no pandeMundo

A morte é viagem

Carne viva abre a janela:

bebe toda cor

 

***

 

O tempo é viagem

Carne viva abre a janela:

Ás de toda cor

 

***

 

O vento é viagem

Carne viva abre a janela:

pulsa em cada dor

 

***

 

O sonho é imagem

Carne viva abre a janela:

arde a madrugada

 

***

 

Um mês é viagem

Carne viva ergue a janela:

toca em vários tons

 

***

 

Cada dia é miragem

Carne viva abre a janela:

canta com a noite

 

***

 

Música da noite

A carne lança a palavra:

som do germe oculto

 

***

 

Arfante e obscuro

peregrina pela rua:

arde o germe oculto

 

***

Música da noite

peregrino pela rua:

carne viva em transe

 

***

 

Arfante e obscuro

Carne viva abre a janela:

música da noite

 

***

 Um corpo com fome

peregrina e olha a lua:

um homem sem nome

 

***

 

Um homem sem nome

Amarela cas(c)a podre

um homem com fome

 

 

 

 

 





                                                   

"Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico. Versão 2.



Peregrino no PandeMundo

Tu não lês o trabalho deste sangue
corpo catando sonhos reciclados

Tem que abrir a janela para ver

Ar noticiando o fim do começo, 
pois só há possibilidade de 
início no fim dos
            meios-limites

Uma coisa infinita a cada dia 
Aqui morre também

O das ossadas, O da carne viva
                    se faz
Cotidianamente em seu jardim
                , cintilante e cariado,

Nosso pranto inoculado do Agora
Corpos jovens ou não
Garranchos e papagaios de toda 
    c                  o                     r







"Fastidious man"(2006), Kazuya Akimoto. Diálogo ecfrástico.



Peregrino no PandeMundo


Tu não vês o trabalho deste sangue
corpo catando sonhos reciclados

Porém,irmã do momento:
a morte é todo o amarelo
que nos faz Crescer no
refúgio do possível.

Tem que abrir a janela

Tu, lendo, rondas o grito
Helianto em ardente invenção:
o mais pulsante raio de sol,
chegante do solilóquio,

no qual desconfio, vem de errar
a precisão dos pontos.

Vem por almejar ~ ondas de palavras, e, 
vírgulas, ornamentos do permanente silêncio

Ar noticiando o fim do começo, pois só
há possibilidade de início no fim dos
            meios-limites

Uma coisa infinita a cada dia 
Aqui morre também

Um trecho vasto e abandonado de
múltiplos ventos vermelhos:
melado de cana apaixonado
sujeito-semente da correnteza
transbordando em ganições.

Martelando por Godot
extraindo formas do inesperado
Moldura humana captada nos
batuques, das esquinas, cadenciados

Realidade (ser)vil, sujeito (desgarrado)
da dor, indócil na perda e
verbo_dos r_astros

À própria sorte, em chuva ou sol,
À espreita, na secura das sarjetas

O das ossadas, O da carne viva
                    se faz
Cotidianamente em seu jardim
                , cintilante e cariado,

Não disfarcemos o olhar

Só seu, só faltou um solo seu para
narrar seu perecível germe oculto

Sua cas(c)a podre de vida:
seu noturno mito fervendo,
arfante e obscuro

Seu único som
Sem filtro

Me planto em sua
urbana sombra

Nosso pranto inoculado do Agora

Corpos jovens ou não

Garranchos e papagaios de toda 
    c                  o                     r




quinta-feira, 24 de setembro de 2020


Delícia Láctea


Flor de Lótus



Vazante nos atravessa ______________
                   O liquefeito ato dos meses

Qual maré em rompante:
(Mu)dar tudo ~por saber que~
                  há

Escafandro, me canto com
    cloro em gel e jaz no chão
                   o beijo:

o único sinal concebido do olhar- 
      boia-delirante pelos panos úmidos
         //dos tempos sujos//

De outra sorte, um dia, 
    estes serão pr'aquecer

Repousa, a noite, no fato pasteurizado
              ele ela elo rente ao chão

Entre a falta e a marítima saga
      quaseSempreperdida
           :flor de Lótus:
           corona del mar
          origem & fim*

*aproximações do fogo
                          feitas pra crescer
 borbulhar a fim de unir afins e
               opostos na contrapartida

Tocar/ teima/ tanger o
          som do dia inteiro

(Se há) Toda atmosfera dedilhada e
     a fera não lúgubre
                     na brecha

    Viver a Fina aliança de 
sermos sós e unos
     mesmo no precipício*
                                       *

         


    
    


 Caixinha de fósforo


                              “Caixa de fósforo - díptico” (1998/1999), RUBENS GERCHMAN.


Cai da árvore   
           presente clarão de palavras 
                         raro instante raspado:

Receba meu recado 
                               no
entreaberto quadrado,
                                   fibra e flâmula do
                     amarelo,

Grito fluorescente
                             Ao ver verde
gente grande se tocar por
        entre folhas,,,,
(ruas sangrando e países cheios de becos)

Meus olhos são pequenos demais,
         mas a vida lateja para ver
               lateja subterrânea para haver

               E os pássaros ao longe
e, em nossos passos, 
                                       desvios é

                                            Receba meu recado
 e retenha ______________ o meu 
        fogo ______________ em teu
                             olhar.




sábado, 19 de setembro de 2020

 

Roda Viva 16-20

 

 

Flor de sangue que

      se materializa

          e circunda a

memória do abis-

     mo

         ...Tu

 

Passos registrados em

    cada momento do

    dia luzente ou encarquilha-

do

       ...Tu

 

                 Faltou luz

E veio o sol

E veio a chu-

                               va

      ...Tu

 

Nesta ramificação da

história, vês que:

 

A verdade roda ao avesso

Ao avesso, a verdade roda

Roda, a verdade ao avesso

 

Neste embalo conceitual da Fonte

 

 A verdade, ao avesso, roda

Roda, ao avesso, a verdade

Ao avesso, roda a verdade

 

O senhor mire e veja:

o Sertão não é obra do homem

: é um raro achado apenas

que nele venha nascer




 

 

Xamã secreto

 

 

Por abandonar-se~

 

                            requebrou a onda do mar

 

~ rebento imo singra




 

 Desejo 16.5


 

Sou barco abandonado mais

                                     de 100 vezes

E sangro quase

                                     sonoramente

tal como o interfone

                                    tocava no Fim

 

A luz que invade

                                a popa e o convés

: arremata o sono:

                                 prospera 101 árvores

 

 

 

 

 

 

dá cabo de uma vida e

acorda______________milhares.

 



 

 

Somos assim

 


Pétalas

amarelas como o sorriso

vindo por um dia amado

 

Amado um dia e mais outro dia

 

Chamados pela recordação

Ou presença viva

do sol

 

Somos o tempo que passou

 

Nosso abraço

Nosso olhar

Raiando

ou os olhos

fechando

 

Passageiros no quintal

somos o tempo

Todo o tempo

 

Pétalas insurgentes

do coração:

Abrigo da memória

e do encontro.

 

 

Prego o olho no abismo ou Relicário submerso

 

 

Se fosse realmente um prego...

Na rua — os carros — tudo — pararia

 

Quem falará do homem que

revira o lixo

[seja nas últimas horas

da noite ou no

começo da manhã]

 

dos homens e mulheres que

tocam o indivisível /tomo/

de palavras das sorumbáticas

             embalagens

deixadas por outros na

atmosfera viral do

notável DesenCanto?

 


 

Ser

 

O quê dizer do tempo?

Senhor e senhora das horas

Abrigo do sorriso e da

lágrima

 

Viver a redescobrir a força

a reencontrar a força

a reafirmar a força

 

Não sei quantas cores

Compõem a história que tenho

mas sei da melodia

que almeja o vermelho

bombeando O coração

E sei que, com ela, meu caminho

não perde

a Luz

 

Luz central da Vida

Onde me perdi e me achei e

continuarei encontrando

A beleza dos dias

 

Elo do dia com a

noite

O espaço dos anos

que nos confundem

e fundem

Sentimento

Lembranças

e Resignação

em nos color- Ir.

 

 

Raiar do Tempio

 

 

 

É... o tempo passa

Indissolúvel

Textura tácita de ramos

entortando grades /\ metas humanas:

Vincos, flamas, aromas Verdes

 

No céu, outrora, sol

dia límpido

Vergalhão amadeirado crescente

atravessando nossas nuvens

incertas

 

E sem sequer um arrepio

estar vivo era esquecer sempre do plano

desta passagem

 




 


 


 

 

 

Vento 

 

 

Que o próprio  ~  na

~  força  ~  que

                    vindo-vem-

                                          vindo

—vem—

-me-re-(in)vent(r)                            e

 

_    e           _      e         _

 

 

Enxertos

  

 

Ganhar nervos e arestas

qual bala encrespada

que te invade

 

Tua vida é nossa

vai desenhada a giz

 

Insolente, cada dia

Tempo que não apaga

a memória do tempo

 

Your Year, ear, era, ar

How has it been?

 

Olvido, não, pois

sempre ouvido o o o

Tempo do ido

na ida do tema

para ser trânsito de

tempos em temas

transfigurados

 

:ocaso e lume:

des_co_nhe_ci_dos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Será? ou Puta merda!

 

 

—Ideias para o começo do ano:

 

*vida simples, ver em si

*hoje, o dia mais valioso

*A razão existindo onde a emoção alcançar

*Sentir para ver ao redor

*O próprio espaço existe quando

  não ignoramos o próprio vazio      

 

—O lodo /pai de tantos filhos/

      (Restos sobre restos)

*quando você o retirava

*limpar era importante?

 

—Num mundo de lodos que só crescem

     E se fazem crescer

 

                 ...

*Será, o seu ato,

             Cuidador do tempo?

 

             

 

 

 

 

 

S(O)L(O)


 

Começo do descomeço, assim,

me teço com o o o o oterço do acontecimento

que se liquefaz para se fazer, após todo (o) fluxo,

 

—carne—

 

Carne que se revira de modo que o sol atinja

cada célula: em viv’Alma/planta/em/flor/ se soma

com o dia:

 

—vai, desatino, que destino! —ser som— !

— ! — ! —!

 

 

 

 

 

 

 

 

2020 Pirilampos

  

I

 

2020 pirilampos querem

   vir e vir e vir

      querem

sair e sair e sair

    do trem abandonado

 

Este isto que continua

       vagando pelo território d’um

                   tempo desconhecido

até  ~   alçar  ~  no  ~ Agora

 

Vindo do remoto passado ou do

         //possível futuro//

 

Acenda sua casa com

atenção lustrEstelar

 

Por entre a dor e <

                                < o sonho

o enjoo                  >

                                e o voo>

pois sabe das perdas

e de quem trabalha

 

/e é tão próximo

\e Tudo tão longe

 

por isso acorda-recorda

         dorme

depois submete o

           corpo

          ao que_   e_x_i_s_t_e

 

 


 

 

 

 

 

 

 

Interlúdio seminal

 

 

 

Entre a fase do pólipo e da medusa      

inaugurada na gestação do corpo:

escrito-fraga perfilhando água-viva

 

Nascedouro de transfigurações onde

Turritopsis nutricula anoitece

~tremeluz o evolado nome~ em

tentáculos, vagas e sombras~

 

Renasce daquilo que subjaz quando

se é destroçada a partícula informe

o substrato infinitesimal da loucura

 

Vem da sede de aguçar a plânula

e ancorar no território do Silente

 

Poesia: gozo primevo d’Organismo

Célula-tronco : mãe-ocaso-abrigo

transe nutante~ em marulho de gerações

 

Luz imantada ao corpo:

pura impossibilidade rIlhada

~anímico gesto reVerso à degradação

 

Ao partir da impermanência, um~

desenlace e excede o Abismo.

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poemas para 2021

 

Sentir

 

1.

 

talvez a força que guarda

                o outro dia

                 não esteja no

                 pensamento

 

 

2.

 

não precisei de retas:

     a sinestesia do tempo

    ,alvoroço, criou

 

 

3.

 

Lampejo fez a tinta

      vazar dos olhos

Escrito da mira:                       o Toque.