terça-feira, 8 de junho de 2021

 



“Nélida Piñon Madeira feita cruz” (sem data), de Clarice Lispector - óleo sobre tela. Diálogo ecfrástico
 
 
 
Luto
 

Noite de Cruz e
aroma de flor:
não dormida, aguardando o
Espelho Límpido, qual sonho de outro sonho
Após a morte: Neste silêncio e abandono: tal aperto E sem garantias procuro o
horizon-
te no arado
eterno de
23:33 ainda
Luto luto luto

 
Quase não existe
não há fruta
há verme
mas vivo
na graça do nimbo
às cegas ] jurando
Anônima com fragilidade [ Cravar no solo meus dentes
de pantera negra; Triplamente; no cavalar;
 do tempo_Tocando
as palavras proibidas
com o prazer do sorriso calmo
ainda que eu no luto e com a
Verdade em pinho de Riga
descreva o semblante de  meu
desespero e esta fraqueza:
 o espaço en-tre, alegria, 00:11,
não vencida, a escrita pulsando
quente ao ver a sombra das flores
 
 
Será um Luto?
chegar em casa,
o solo fértil que recebe o sol de toda gente em luto
 qual invenção de Doentes-ofuscados na irradiação
surge o Inaugural abrigo
abaixo,  um olho mágico
atento, enterrado elo
 dos seres mínimos
 
 


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