segunda-feira, 22 de junho de 2020

Anna Letycia: “Sem título”, gravura em metal, 1959.  Poema com diálogo ecfrástico.

Guardiã do lume

Grave é esta gota  ;;
                            desejando
o retorno do fruto
;;
Seus membros
           _     
ao encontro da queda
ao encontro do amor
ao encontro da queda do fuTUro
          _
Nossas unhas nossos corpos Outras
terras e qual teologia?
          _
Prepara sua cama sem sabão
folhas nascentes
Casulo mirante
bonsai capturado
        _
Analógico tempo tão
raro te encontrar
Como eu cantei com você?
;;
Desejando
               O encontro :
O quê vivi?
;;
no Sol vermelho
que nos viu crescer
_;



sexta-feira, 19 de junho de 2020

Poema
''Vinte de Junho da Quarentena''

Neste último dia
      de
    outono
corro pra lhe
     dizer
que nossa vida
existe

insisto em
 desdizer- o - mal
que 'inda persiste- Aqui...

E quero viver
Sim: para Sentir
          E ver-me Ser
Sabendo ter a folha
Última do
         Primeiro aconteci-
m
e
n
t
O


terça-feira, 9 de junho de 2020


Sem Título (Abstração), 1962- Ivan Serpa
_diálogo ecfrástico

Cacos ou interferências

Fala a ver dade
r anhur as r aquíticas
r andomicamente:
Lar na r ua , toda
r ota

Fala a ver dade
teve um apagão 
naquela r ua
semanas atr ás

Mas não viemos de
lá?

Seu casaco constr utivista
convidar ia a espacialidade
Ocr e
a nos toca r os pés

Fala a ver dade
Olhar es cor tantes
Atingir am esta cr osta
R etir a r am este chão

Aquele menino mor r eu
e você sabe quem o matou
Um homem também
que mor r eu
Quem mor r eu
Já passou da hor
que mor r eu

Fala a ver dade
A epider me não está 
como er a antes

como você se sentiu ao
Saber do acontecido

Fala a vedade
Por quê não r ia?
Eu não entendo
este museu de sonho