segunda-feira, 19 de abril de 2021

 


Quase sobre o pássaro de fogo ou Assomo
(ao som de "Pássaro de fogo", de Igor Stravinsky- 1910)



I. 
tocar 
pousar 
sentir os intervalos de mudança

II.
era frio 
            agora já é dia
era noite
            escoam imagens livres 
                                                 das formas
pela fechadura
                        na agitação do mar

III.
~nossas flores~
reticentes
habitantes, tantos anos, daqui

IV.
Ícaro em silêncio
                           arrasta seu manto:
cresce a correnteza

Ícaro seria
qual pena carmim
criada para Ser } 500 anos {

e a vida liquefeita de estribilhos 
chove

V.
Empresto-te 
meu tempo 
para enxugar 
do rosto
nossas lembranças

VI.
Uma palavra pulsando
~ onda sonora~
                          recuperando a derme
em nado

VII.
Nossos corpos se sonham _ somos_ 
Nossos corpos se somam _sonhos_
de li__nhas que resgatam a sombra 
de uma árvore futura

VIII.
sol
suor
cerol
cera

IX.
veja o incêndio, as 
cinzas, a consistência da água,
o atrito
 
X.
e em tom vitalício:
                              e em tintas há via
a via
a v                                 e




terça-feira, 6 de abril de 2021




Água-Morta-Viva
- Cemitérios gerais
onde não cabe fazer cercas
(...)
- De mortos muito mais gerais,
bichos, plantas, tudo.
- De mortos tão gerais
que não se pode apartação
João Cabral de Melo Neto


Uma imagem uma história que
porventura venha mantida e
preservada na memória


_maisde4000 corpos-caminham.
uns Vivos e Outros mortos.Nossos ancestrais.
um Contato com claras manhãs. Desejavam.

Agora, nós ainda vemos e Outros mortos, não. Depois, 000 vivos.
Pode-se afirmar que: 4000 e___ nada mais vivos.

No entorno, a experiência do instante se tornou mágica.
chacoalhando, os, veículos.
Entre falas e silêncios. Entre balas, sinalizações de trânsito e informativos de rádios.
As classes sociais se integram na mesma matéria...
Autoria incerta. Nossa metaficção. Morta-viva. Aceita?

O desencanto não passou nos animais. Passaria?

Materializar nosso tempo em corpo vivo.


No fim, morrem, nossos corpos, sempre.

A linguagem descendo num ralo
da Lapa, do Engenho de Dentro,
num canto qualquer d
e uma cidade de u
m país.


Plásticas reformulações de um pássaro que canta
um compêndio de vidas soltas
Um dia, folhas vivas.
Nossas vidas. Foram.